Chronos é o senhor do tempo, enquanto Kairós representa o tempo que não pode ser controlado.
Na mitologia grega, Chronos (Cronos) é o Deus do tempo, uma grandeza que pode ser medida por horas, minutos, dias, semanas, meses e anos. Sua força é implacável e não pode ser detida, e tudo que é conquistado nesse tempo é efêmero e findável.
Chronos casou-se com sua irmã Reia, com quem teve seis filhos: Hades, Poseidon, Hera, Deméter, Héstia e Zeus. Temendo a concretização de uma profecia que dizia que ele seria tirado do poder por seus filhos, Chronos engoliu todos eles logo após o nascimento. O único que se salvou foi Zeus, após Reia enganar o marido e entregar a ele um pedaço de pano para ser engolido no lugar do filho.
Já adulto, Zeus deu uma poção mágica a seu pai, fazendo com que Chronos vomitasse todos os outros filhos. Por ter derrotado Chronos, que simbolizava o tempo, Zeus e seus irmãos tornaram-se imortais. Kairós é o filho mais novo de Zeus e de Tique, a deusa da sorte e da fortuna.
Descrito como um jovem belo e com apenas um tufo de cabelo na testa, Kairós era um atleta tão ágil que era praticamente impossível persegui-lo. Entre os romanos, ele recebeu o nome de Tempus – que representa aquele breve momento em que as coisas são possíveis. Kairós é o tempo que não pertence aChronos, e não pode ser cronometrado ou previsto Trata-se da oportunidade.
Relação de Chronos e Kairós com o tempo:
Na filosofia, Chronos era descrito como o senhor do tempo e da pressão das horas comandadas pelo relógio. Era um carrasco responsável por controlar o tempo real, do nascimento até a morte. O tempo de Chronos é o limitador para a quantidade de atividades realizadas durante o dia, e a humanidade acaba se tornando escrava de Chronos.
Kairós, por sua vez, é um jovem destemido que não se importava com o tempo cronológico do relógio ou com o calendário. Kairós era o tempo que não podia ser cronometrado, as coisas que acontecem sem hora marcada, as surpresas do dia a dia. O tempo de Kairós nos convida a aproveitar a vida com mais leveza, de forma mais despojada, sem se importar com o implacável Chronos.
Tempo Chronos e Kairós em nosso dia-a-dia:
Enquanto vivência em nosso dia-a-dia, falamos muito sobre como administrarmelhor o nosso tempo. Cronos quantifica. A palavra cronológico vem de chronos, significa tudo que obedece uma cronologia, ou seja, que segue uma sequencia de tempo. Remete consecutividade e progressão. E logos vem de estudo. Estudo do tempo. O antônimo de cronológico quer dizer atemporal, que não está inserido em um grupo de acontecimentos.
Kairós qualifica. Significa o momento certo, momento oportuno, que pode estar presente dentro de um tempo físico determinado por Chronos.
Nossa rotina diária é marcada por esses dois tempos. Hora vivemos o tempo cronos, o tempo cheio de burocracia, controlado por cronogramas, pela horas, os prazos determinados para finalizar algum trabalho, outras vezes o tempo cairos, vivenciados com qualidade, com valorização e qualificação daquele instante, daquele momento específico, mudando o sentido interior das nossas atividades diárias, fazendo com que o nosso dia-a-dia se torne mais leve, com menos regras, livre de pressão, mais ameno e feliz.
É importante que cada pessoa encontre o equilíbrio entre o tempo de Chronos e Kairós, desfrutando o máximo de cada um deles. Viver e sentir a vida, mesmo sob tensão e pressão do relógio, mesmo com tantos compromissos inadiáveis e afazeres. Tomando emprestado o pensamento do escritor Rubem Alves: “O tempo pode ser medido com as batidas de um relógio ou pode ser medido com as batidas do coração.
Os religiosos falam muito disso e é uma grande verdade. Quanto mais qualidade dermos às nossas vidas, mais significado terá a nossa existência. Existe tempo também de se doar. E isso nos dá a sensação maravilhosa de gratidão e de reciprocidade. O tempo que permanecemos juntos aos nossos entes queridos é tempo mais valioso, ou tempo Kairós.
Concluindo: Tempo Para Tudo, inclusive para GADU:
“Para tudo há uma ocasião, e um tempo para cada propósito debaixo do céu:
tempo de nascer e tempo de morrer, tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou,
tempo de adoecer e tempo de curar, tempo de derrubar e tempo de construir,
tempo de chorar e tempo de rir, tempo de prantear e tempo de dançar,
tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntá-las, tempo de abraçar e tempo de se conter,
tempo de procurar e tempo de desistir, tempo de guardar e tempo de lançar fora,
tempo de rasgar e tempo de costurar, tempo de calar e tempo de falar,
tempo de amar e tempo de se afastar , tempo de lutar e tempo de viver em paz”.
Autor: Glauco Ruffolo Russel