No mundo profano, a tolerância é a habilidade de conviver, com respeito e liberdade, com valores, conceitos e situações. Conivência é a convivência em que, mesmo não concordando com certos valores, conceitos e situações, deixamos de expressar nosso parecer desfavorável, não refutamos, e não reprovando, estamos tacitamente autorizando, aceitando e gerando cumplicidade. O Grande Arquiteto do Universo é tolerante com o pecador, mas não com o pecado.
A tolerância é das virtudes maçônicas, á mais enfatizada, pois, significa a tendência de admitir modos de pensar, ser, agir e sentir que diferem as pessoas, e nos fazem indivíduos (únicos). Muitas vezes confundimos tolerância com conivência.
Apesar do maçom ao longo de sua vida praticar a tolerância, ele também é incentivado a ser “intolerante” com os que incentivam e praticam a tirania, o fanatismo, a brutalidade e a ignorância. O fato de desenvolver a tolerância, não significa que ela seja subserviente e sucumba diante da posição de homens mal orientados, mas bem intencionados, pois se assim fosse, ela já teria caído no esquecimento. No exercício da tolerância e em seu treinamento, a Maçonaria ensina que tolerância exige a definição de limites. Quando o maçom filosofa, faz exercícios na arte de pensar, especula e teoriza dentre as mais variadas linhas de pensamento, aí ele exercita a tolerância. Respeita e defende o que o outro maçom diz e pensa, a tal ponto que afirma ser capaz até de se sacrificar para defender o pensamento de seu irmão.
O maçom é condicionado na prática a combater a tolerância absoluta porque sabe que uma tolerância universal é condenável exatamente porque esqueceria as vítimas em casos intoleráveis de violência e abuso dos tiranos. Isto é, existem situações em que a tolerância em excesso perpetuaria o martírio das vítimas. Dentro dos limites ditados pela moral e a ética, tolerar seria aceitar o que poderia ser condenado, seria deixar fazer o que se poderia impedir ou combater. Nesta linha podem-se tolerar os caprichos de uma criança, mas em nenhuma circunstancia o despotismo de uma pessoa, instituição ou país.
E analisando a fundo, é que se percebe que não existe tolerância quando a pessoa tem nada a perder, haja vista que tolerar é se responsabilizar, porque uma tolerância que responsabiliza o outro já não é mais tolerância. Tolerar o sofrimento dos outros, a injustiça de que outros são vítimas, já não é mais tolerância; é indiferença, egoísmo ou algo pior. Antes ódio, antes fúria, antes violência do que a passividade diante do que é errado, do que a aceitação de algo pior. Pela imposição de limites que o homem maçom se impõe em resultado de seu treinamento, uma tolerância universal seria tolerância do atroz. E quando levada ao extremo, a tolerância acabaria por negar a si mesma.
A tolerância só vale dentro de certos limites, que são os da sua própria salvaguarda e da preservação de suas condições e possibilidades. Se o maçom enveredasse por uma tolerância absoluta, mesmo para com os intolerantes, e se não defendesse a sociedade tolerante contra seus atos, os tolerantes seriam aniquilados, e com eles acabaria também a própria tolerância.
A tolerância é o que permite aos homens da Maçonaria viver em harmonia, onde esta última não existir, certamente não há tolerância com limites. Em consequência não existe amor, a única solução de todos os problemas da humanidade. E onde não existe amor também não se manifesta o Grande Arquiteto do Universo, que cada um venera a sua maneira, pois este só está onde as pessoas se tratam como irmãos, demonstram e praticam o mais profundo amor entre si.
Em síntese, a maçonaria pratica a tolerância dentro dos limites do bom senso e da ética, até onde ela é essencial para o crescimento interior dos irmãos, para que haja uma convivência harmônica dentro e fora da loja, para dar o exemplo na sociedade onde vive, pois desde os primórdios, os maçons tem sido o principal alicerce contra os vícios, e sempre buscar combater os excessos e distorções, pois estes não são tolerados e devem ser combatidos em todos os lugares, incluindo dentro de nós.
Bibliografia
www.maconaria.net
www.revistauniversomaconico.com.br
www.palavramaconica.com.br
Autor: Victor Tadeu Laurentino Silva