Acácia Amarela
(Autor Ir∴ Luiz Gonzaga – 1981)
Ela é tão linda é tão bela
Aquela Acácia Amarela
Que a minha casa tem
Aquela casa direita
Que é tão justa e perfeita
Onde eu me sinto tão bem
Sou um feliz operário
Onde aumento de salário
Não tem luta nem discórdia
Ali o mal é submerso
E o Grande Arquiteto do Universo
É harmonia, é concórdia.
“Ela é tão linda é tão bela, Aquela Acácia Amarela”:
A Acácia é a planta símbolo por excelência da Maçonaria, sendo utilizada pelos Mestres Maçons como sinal de identificação, representa a segurança, a clareza, e também a inocência ou pureza. A Acácia foi tida na antiguidade, entre os hebreus, como árvore sagrada e adotada como símbolo maçónico. Apresenta-se como um arbusto com folhas leves e elegantes, das regiões tropicais ou subtropicais. Possui flores miúdas, Amarelas, perfumadas, agrupadas e muito melíferas. Os antigos egípcios tinham a Acácia como planta sagrada. Ela era adorada pelos árabes. Maomé destruiu o mito da Acácia, que os árabes denominavam de: “Al-uzzá”. A aclamação “Huzzé”,” pode ter origem no vocábulo “Al-uzzá”.
Para os antigos, a Acácia era um emblema solar, como as folhas do Lótus, porque as folhas acompanham a evolução do Sol e param, quando este desce no ocaso, no poente. A flor imita o disco radioso do Sol, com sua espécie de “plumagem”. A adoção da Acácia no sentido místico e simbólico tem o significado do “indestrutível”, do “imperecível”, porque se trata de uma madeira imputrescível, devido a sua composição resinosa.
“Que a minha casa tem, Aquela casa direita”:
Entendemos que a casa que tem a Acácia Amarela é uma casa imperecível, indestrutível, como deve ser uma casa maçônica. Uma casa que, de sol a sol, trabalha para que seus moradores sejam melhores, a cada dia. Aquela casa direita, para nós, trata de uma casa correta, uma casa que pratica o bem, como é a nossa loja. O bem se manifesta de diferentes formas, como por exemplo através das benemerências, da amizade e fraternidade.
Que é tão justa e perfeita…
Desde os remotos tempos, os construtores sempre verificam a exatidão das construções com o prumo e com o nível com toda a exatidão para toda a segurança de que tudo é justo e perfeito sendo assim os templos da maçonaria.
Onde me sinto tão bem…
A maçonaria como a acácia que é considerada uma planta sagrada, é riquíssima e lembra a parte espiritual que existe dentro de nós que, como uma emanação de Deus nos faz sentir tão bem nos trazendo o progresso dentro de uma imortalidade. Nos traz uma liberdade de consciência e pensamento do nosso eu interior e de nossa personalidade. E esta evolução espiritual nos traz a paz, amor, a segurança e o sentimento de bem-estar.
Sou um feliz operário…
Através de todo este trabalho justo e honesto, respeitando sempre a liberdade e igualdade entre todos, conseguimos a nossa evolução espiritual nos trazendo um sentimento de gratidão onde nós somos os maiores beneficiários.
Onde aumento de salário…
…sendo este salário simbólico pois o trabalho é o aperfeiçoamento, na busca de conhecimentos das lições, dos exemplos, das práticas que nos farão uma pessoa melhor. Cada maçom a medida que vai trabalhando, vai melhorando, vai aprendendo, a medida que evolui vai aumentando o benefício que retira do trabalho que efetua. Este benefício é o salário do maçom, a justa remuneração de seu esforço. Tem o valor supremo da pessoa humana que cresce, que se educa, que evolui, que se aprofunda, que se realiza, que se enobrece, que se dignifica, que se transforma. O aumento de salário do maçom é a sua mudança de grau, reconhecido pelo seu trabalho aumentando as suas responsabilidades e obrigações.
Não tem luta nem discórdia…
O Autor faz referência entre a discórdia filosófica das Potências Inglesa (GLUI) e Francesa (GOdF) no ágamo da maçonaria, ocasionando o rompimento das relações entre a GLUI e o GOdF, que perdura até os dias de hoje (Lojas consideradas espúrias). O parágrafo da música, retrata de forma poética, a Loja “Não tem luta e nem discórdia”, ou seja, é uma potência regular e aceita.
Listo as principais discórdias entre o GLUI e GOdF:
- A Potência Inglesa pratica a filosofia Teísta e a Francesa Deísta (ela é estranha a todo dogma e a todo e qualquer credo religioso) e com isso existiu um grande embate dos Franceses, a crença em um Grande Arquiteto do Universo e na Imortalidade da Alma.
Teísmo (do grego θεóς [theós], “Deus”) é uma crença na existência de deuses, seja um ou mais, no caso de mais de um, pode existir um supremo. O teísmo não é religião, pois não se trata de um sistema de costumes, rituais e não possui sacerdotes ou uma instituição .
O deísmo (do latim, deus) é uma posição filosófica naturalista que acredita na criação do universo por uma inteligência superior (que pode ser Deus, ou não), através da razão, do livre pensamento e da experiência pessoal, em vez dos elementos comuns das religiões teístas como a revelação direta, ou tradição.
2- Outra discórdia é que a Inglaterra utiliza o livro da Lei em seus Ritos e a Francesa utiliza a sua constituição maçônica, ou seja, não existe um padrão devido a questões filosóficas Teístas e Deístas.
- Existe uma grande discórdia sobre a ritualística e a interpretação dos antigos Landmarks entre as Potências.
Ali o mal é submerso…
Submergir ao mal nos traz a reflexão a imagem do maçom, que trabalha a sua pedra bruta incansavelmente. Para a realização desse trabalho, ele emprega o Cinzel e o Malho, ferramentas simbólicas que vão ao encontro das virtudes humanas mais intimamente ligadas a capacidade autotransformadora do homem. O maço representa a inteligência, o cinzel representa a razão, as quais unidas tornam o homem capaz de discernir o Bem do Mal.
Rizzardo da Camino disserta que no trabalho de lapidação da Pedra Bruta, duas vontades parecem agir forma concomitante sobre o Bem e o Mal: a primeira vontade seguirá o plano do Criador, que é soberano. A vontade secundária partiria da própria Pedra, ou do indivíduo a ser trabalhado, no caso, o maçom. Em ambas possibilidades, procura-se obter o produto final na forma de uma pedra Justa e Perfeita. Ela é justa, pois está adequada à sua obra, e é perfeita, pois também está em conformidade com a perfeição de seu plano maior.
Entendemos também que o contexto faz referência a grandeza do Rito nas Lojas Maçônicas desde de o dia que nascemos maçons, aonde devemos ser livres e de bons costumes, nos aprimorar moral e intelectualmente, combater o despotismo, a ignorância, os preconceitos e os erros, pois só assim, iremos submergindo o mal e cavar masmorras ao vício e a inveja.
E o Grande Arquiteto do Universo.
Grande Arquiteto do Universo’ ou ‘G.·.A.·.D.·.U.·.’ é uma designação maçônica para uma força superior, criadora de tudo o que existe. Com esta abordagem Teísta, não se faz referência a uma ou outra religião ou crença, permitindo que maçons muçulmanos, católicos, budistas, espíritas e outros, por exemplo, se reúnam numa mesma Loja maçônica.
Teólogos cristãos como Tomás de Aquino sustentam que existe um Grande Arquiteto do Universo, a primeira causa, e que este é Deus. Os críticos de Aquino, como Stephen Richards têm apontado que a afirmação de que o Grande Arquiteto do Universo é o Deus cristão não é evidente, com base na “teologia natural” somente, mas requer adicionalmente de um “salto de fé” baseado na revelação da “Bíblia”. João Calvino, em seu Instituto da Religião Cristã (publicado em 1536), chama repetidamente o Deus cristão de “O Arquiteto do Universo”, também se referindo aos seus trabalhos como “Arquitetura de Universo”, e em seu comentário sobre Salmo 19 na Bíblia católica, Salmo 18 refere-se à Deus como o “Grande Arquiteto” ou “Arquiteto do Universo”.
Sabemos que a partir da chamada Maçonaria dos Aceitos, chamada de especulativa, uma forte influência protestante fez-se presente na sua primeira Constituição, através dos Irmãos Pastores, responsáveis por sua redação, notadamente seu compilador, ANDERSON, que teria buscado o nome GADU nos seguintes documentos:
“À espera da cidade dotada de sólidos fundamentos, da qual Deus é o Arquiteto e Construtor” – Epístola aos Hebreus, 11-10.
“Como sábio Arquiteto, pus o alicerce” – 1ª Epístola aos Coríntios, 3-10.
O Grande Arquiteto do Universo também é reverenciado de outras formas na maçonaria:
- O Rito Schröeder a expressão “Grande Arquiteto do Universo” é usada no plural – “Grande Arquiteto dos Universos (G.A.D.U.);
- No Regime ou Rito Escocês RetificadoA.D.M. – Grande arquiteto do mundo;
- No Rito Brasileiro – S.A.D.U. – Supremo Arquiteto do Universo;
- No Ritual de Emulação Memphis Misraim – S.A.D.M. Supremo Arquiteto do Mundo;
- Nos REAA, Adonhiramita, Moderno e York – GADU.
É harmonia, é concórdia…
Em nossa Loja não tem luta e discórdia, mas sim a verdadeira amizade, de amigos que conquistamos, sempre prontos a correr em nosso socorro e com suas espadas para defender nossa vida e honra.
O Maçom busca elevação na amizade, paz e prosperidade com harmonia e concórdia, glorificar a verdade e a justiça, em nome do nosso grande arquiteto do universo, ser supremo e eclético, que tudo faz e tudo domina, invisível aos nossos olhos, mas visionário a nossa alma.
Conclusão:
Através deste trabalho pudemos identificar uma série de aprendizados que tocaram de maneira diferente cada Ir\. Nossa arrogância em muitas vezes pensarmos que sabemos muito sobre um assunto, na execução de cada trabalho nos revela quanto há ainda por aprender, e nesse trabalho de uma maneira até mais intensa, pois uma letra que a princípio parece tão simples, acaba nos levando a diversas interpretações, a vários caminhos e descobertas.
Através dessa caminhada, onde devemos ser resilientes, em busca do conhecimento, assim como as raízes de uma arvore, vamos solidificando nossos valores assim como o tronco da arvore Acácia Farnesiana, que pode parecer frágil, mas sustenta em sua copa flores que alegram aos olhos e a alma, refletindo o dourado conhecimento adquirido em comunhão junto aos Ir∴ sobre as graças da obra de G∴A∴D∴U∴.
O conhecimento então, agora passa a ser nossa obsessão e a cada trabalho ele se configura como uma das coisas mais importantes do mundo. Qualquer assunto, assim como a letra da música pode soar superficial, mas cabe a nós, aprontamos nossa mente e nosso espirito para absorver e aprender com tudo que nos rodeia, os sinais estão pelo mundo e o convívio entre os Ir\ dentro da Maçonaria tem nos impulsionado nessa direção.
Nesse trabalho pudemos também observar, como é importante a Loja, citada na música como nossa casa, ela é sim parte de nossa vida e se for conservada e cuidada de maneira a sempre estar justa e perfeita, com obreiros dedicados, organizados e que trabalhem de maneira digna e honesta, teremos sempre uma egrégora maravilhosa a nos impulsionar.
Cada vez mais conhecimento, cada vez mais virtude, para podermos impactar o mundo de maneira melhor. Melhores homens, melhores pais, melhores maridos e melhores Irmãos. Somos uma centelha divina e através de nós que GADU age, se nos permitirmos ser cada vez melhores.
Referências:
- 1° Grau A\M\ – REAA 2009, pags 37, 48, 111, 135.
- A Concepção do Grande Arquiteto do Universo no Rito Francês ou Moderno
- João Calvino – Institutas da Religião Cristã (publicado em 1536).
- Robert Ambelain. El Secreto Masónico. Mertinez Roca. Págs. 219 e 220.
- Site https://pt.wikipedia.org/wiki/Símbolos_maçônicos.
- Site: http://maconariasociedadesecreta.blogspot.com.br/2010/12/acacia.html1.
- Stephen Richards on Murderpedia, the encyclopedia of murderers
- Texto retirado do Boletim do Grande Oriente do Brasil n.º 3 – 4 – 5, do ano 86, 1961, E:. V:., págs. 68-78. A Concepção do Grande Arquiteto do Universo no Rito Francês ou Moderno. Conferência realizada no Salão Nobre do Grande Oriente do Brasil pelo Pod:. Ir:. Dr. Álvaro Palmeira, Gr:. Orad:. Da Sob:. Assemb:. Federal, em 6 de fevereiro de 1961 E:. V:. Presidiu a sessão o Pod:. Ir:. Prefessor Altamiro Meireles Grilo, Gr:. Secr:. Geral do Grande Oriente.
- Tomás de Aquino (Roccasecca, 1225 — Fossanova, 7 de março de 1274).
- Revista Sexto Sentido nº 48 – pág. 38
- Revista A Trolha – Os Painéis da Loja de Aprendiz (Rizzardo da Camino).
Autores:
David de Freitas Neto
Felipe de Moraes Barros Cavalcante
Gilberto Donizeti Victor
Glauco Ruffolo Russel
Sou um grande fã de Luiz Gonzaga e a Acacia Amarela, é de longe minha musica favorita. E se tornou ainda mais agraciada por mim quado soube da simbologia da acacia. Sempre que estou irritado com o trabalho excessivo, reflito, e ageadeço a D’eus pelo privelegio de ser um mero tijolo, nessa grande construção. Obrigado pelos ensinamentos.