A princípio, nosso país, então colônia de Portugal, era governado pelo Rei Dom João VI, que vendo o crescente aumento das sociedades secretas, realiza em 1815 um decreto do qual proíbe qualquer forma de sociedade secreta de operar no Brasil, este decreto visava o fim dos movimentos libertários (difundidos por estas sociedades) que perturbavam seus interesses de manter o Brasil como seu principal provedor econômico, já que Portugal era extremamente dependente da exploração de nossos recursos naturais para sustentar sua economia.
Essa medida foi feita após 2 tentativas de movimentos para independência: Inconfidência Mineira (em 1789) que marcou a história pela morte de seus seguidores; depois a Conjuração Baiana (em 1798). Entretanto, a medida não foi suficiente para evitar que em 1817 acontecesse a Revolução Pernambucana, mas que infelizmente não teve êxito. Em todos estes movimentos houve a participação da Maçonaria.
As medidas de Portugal em evitar o crescimento das sociedades secretas, afetava diretamente a Maçonaria, tanto pelo fato de silenciar as vozes que elucidavam o povo sobre o despotismo português, tanto pelo fato da Maçonaria na colônia ser “um braço” do Grande Oriente Lusitano, que por divergências idealísticas, acabava por não dar suporte a nosso ideal de independência. Então, em 17 de Junho de 1822, junto da Independência do Brasil, surge a instituição maçônica brasileira, liberta e independente da lusitana: o Grande Oriente do Brasil.
Mas antes da criação do Grande Oriente do Brasil, eram grandes os desejos internos da Maçonaria em seguir os ideais iluministas, e inspirado pela Revolução Francesa, independência da América do Norte e das guerras de Napoleão (que derrubaram o absolutismo na Europa), a Maçonaria brasileira buscava suas formas de independência para o Brasil, e para tal, era preciso atrair o então príncipe regente, Dom Pedro I. Entretanto, essa ideia não era tão aceita por todos, pois haviam aqueles que desejavam a república, mas que foram convencidos devido o risco de um derreamento de sangue.
Os maçons Joaquim Gonçalves Ledo e José Clemente Pereira, presidente do Senado da Câmara do Rio de Janeiro, se engajaram em persuadir Dom Pedro I a deixar de cumprir as ordens da coroa portuguesa, que queria seu retorno a Portugal em 1821, inclinado a respeitar as ordens da Corte Portuguesa, o príncipe foi convencido pelo movimento de Ledo e Pereira , que conseguiram a adesão de representantes de Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo e Bahia ao pedido para que não deixasse o Brasil, levando ao Dia do Fico, em 9 de Janeiro de 1822. Nessa época, funcionava no Rio de Janeiro, a Loja Maçônica “Comércio e Artes”, da qual eram membros vários homens ilustres da corte como o Cônego Januário da Cunha Barbosa, Joaquim Gonçalves Ledo e José Clemente Pereira entre outros. Em 13 de Maio, em uma Sessão da Loja “Comércio e Artes”, propôs que se conferisse ao Príncipe D. Pedro I, o título de “Protetor e Defensor Perpétuo do Reino Unido do Brasil”, o qual o príncipe declinou, achando mais apropriado apenas o de “Defensor Perpétuo”. A proposta de admissão do Príncipe à Ordem ocorreu em 13 de julho de 1822, e foi aprovada em 2 de agosto, assim, Dom Pedro I era iniciado na Loja “Comércio e Artes”.
Agora, com o príncipe a seu lado, os maçons, arquitetaram o desenrolar do 7 de setembro de 1822, lançando a ideia da convocação de uma Constituinte. Gonçalves Ledo e Januário Barbosa redigiram o projeto e, no dia 3 de junho, foi publicado o Decreto convocando a Assembleia Geral Constituinte e Legislativa.
De todos os envolvidos, Joaquim Ledo era o mais enérgico incentivador da Independência no meio maçônico. Por diversas vezes encaminhou manifestos e exortações a Dom Pedro I, ressaltando os pontos positivos da conquista da soberania brasileira. Tanto é assim que o dia 20 de agosto, data da reunião que exigia a Independência, é celebrado como o dia do maçom brasileiro.
A cópia da ata desta reunião memorável seguiu às mãos de Dom Pedro I, quem leu seu conteúdo às margens do Ipiranga naquela tarde de 7 de setembro de 1822 e, diretamente influenciado por ela, pela inteligência de José Bonifácio e pelo entusiasmo de Joaquim Ledo, proclamou a Independência do Brasil.
Analisando logicamente, fica evidente que a Independência do Brasil aconteceu no dia 20 de Agosto de 1822 dentro de uma loja maçônica, e que o príncipe Dom Pedro I apenas foi um porta-voz dessa decisão tomada anteriormente. Apesar de ainda não ter sido levado ao público geral, a Maçonaria demonstrou com atitude prática seus fundamentos e ideais, tornando nossa nação livre de Portugal, e provando que se depende-se apenas dos desejos de Dom Pedro I, talvez nossa Independência tivesse demorado décadas ou séculos para ter acontecido.
Autor: Victor Tadeu Laurentino Silva