Em uma de minhas viagens, em um lugar desconhecido e imaginário, no conforto do meu sono e entregue a liberdade e criatividade de minha alma, visitei um museu maçônico que se chamava a caminhada do maçom.
Era noite, a rua estava deserta, sua dimensão estreita e com uma marquise irregular, havia uma iluminação em tom amarelo e pela arquitetura deveria ser em algum lugar de Londres próximo dos anos 30. Para minha surpresa a porta do museu estava entre aberta, confesso que pensei mais de uma vez antes de adentrar, mas a vontade de dar asas a esta experiência foi mais forte e ao abrir a porta fui surpreendido por uma voz que vinha do fundo de um corredor estreito e vazio; “Quem vem lá?”, respondi que era um irmão Neófito que caminhava a passos perdidos e que era livre e de bons costumes. Não satisfeito com a minha resposta,fui questionado pela palavra sagrada e assim tive minha passagem garantida.
Ao caminhar até o fundo deste corredor, deparei com um Ir.’.que aguardava para me cumprimentar e ter a certeza do meu grau. Logo, percebeu que se tratava de um aprendiz que procurava a luz e conhecimento. Ele sorriu e disse que estava em lugar apropriado a um recém-plantado e que teria a oportunidade de conhecer as salas que representavam o quadro do aprendiz.
Ao entrarmos, fui alertado; “cuidado com a pedra bruta, ela pode servir tanto para edificar quanto para um tropeço, esta é você, que precisará ser lapidado com o maço e com o cinzel, retirandoas arestas. Este trabalho será penoso e ardo, terá que vencer seus vícios e suas paixões, trata-se de uma autorremoção, pois quem maneja seus instrumentos é o próprio maçom, orientado pelo seu mestre que traça seus planos e projetos aos aprendizes e aos companheiros, revelando os símbolos essências que estão na prancheta, note a importância deste símbolo”.
Caminhei um pouco mais iluminado pelos lampejos do sol e o brilho da lua onde fui lembrado que juntos, representam o claro e o escuro, simbolizando o equilíbrio e o antagonismo da natureza, assim como o doce e o amargo.
O Sol simboliza a principal luz da loja, a intelectualidade, a caridade, o misticismo e o espirito de luz, lembrando a glória do criador e que todos os maçons estão sob seus raios luminosos.
A lua também representa o símbolo da meia noite, as estrelas manifestam à universalidade da maçonaria e as nuvens a manifestação visível do céu e também simboliza o “Véu místico” que significa a proteção sobre um mistério.
Dando continuidade em minha visita fui advertido pelo guardião que deveria prestar muita atenção nos três próximos itens, as três janelas. Sendo a primeira localizada no oriente que traz a doçura da aurora acompanhada pela sabedoria que convida o obreiro para o trabalho, ao sul podemos observar a segunda janela, onde passa o calor mais intenso do meio dia acompanhado pela beleza que induz a recreação e por fim, a terceira, no ocidente, onde passa o sol poente acompanhada pela força que convida os obreiros para o descanso, sendo uma importante simbologia da caminhada diária do aprendiz maçom. Fui lembrado do esquadro e do compasso, sendo o esquadro joia do Venerável mestre e o compasso a joia dos mestres, a junção de ambos simboliza a maçonaria. O nível é a joia do primeiro vigilante, simboliza em loja que todos os maçons estejam nivelados na arte real, obtendo a igualdade. O prumo joia do segundo vigilante simboliza a construção do templo espiritual do maçom, significa retidão, justiça, enfim, as vidas dentro das normas da moral.
Fui avisado que estava chegando ao final de minha visita e foi neste momento que passei pelas colunas B e J onde os obreiros guardavam suas ferramentas por se tratarem de colunas ocas, notei que havia romãs em sua parte superior e comentei que simbolizam a união dos maçons, sendo corrigido imediatamente, pois foram atribuídas as colunas por Salomão com o desejo de perpetuar a virilidade, porém, na maçonaria não toma com este efeito sexual, mas como força para o trabalho e energia. Mas a frente havia três degraus e um pórtico baixo entre duas colunas e com o delta logo acima, os degraus representavam pureza, luz e verdade, o pórtico nesta estatura significa a dificuldade que o profano deve ter em ingressar ao templo simbolizando a passagem do mundo profano ao iniciático. O delta simboliza D-us e está situado acima do pórtico para lembrar aos que ingressam ao templo para terem seus pensamentos voltados à perfeição e que irão ao encontro da divindade.
Por fim adentrei em uma sala grande em formato retangular, seu pavimento era mosaico com suas pontas em formato de dentes de serra e uma corda com sete nós o cercava. O pavimento mosaico representava a mistura das raças e crenças e sua alternância o “Estandarte” dos templários e a união fraterna dos maçons. A orla dentada que parece com dentes de serra representa também a união dos maçons e os irmãos que estão ao redor de um pai. A corda de sete nós representa as sete ciências ou artes liberais que o maçom deverá conhecer em sua caminha maçônica. Saindo desta sala me deparei com uma pedra cubica onde fui advertido. “Note que este será o caminho que irá percorrer, de uma pedra bruta sairá um pedra com menos arestas, menos vícios e mais virtudes.”
Ao sair do templo cheguei à conclusão que o quadro do aprendiz simboliza a evolução do aprendiz maçom para passagem ao grau de companheiro. Sua simbologia é muito rica e didática, facilitando a assimilação dos conhecimentos maçônicos, sendo muito importante o seu estudo para uma boa formação na arte real.
Bibliografia
Ritual – Rito Escocês Antigo e Aceito 2009
Colin Dyer – O Simbolismo na Maçonaria 2010
Robert Lomas – O Poder secreto dos símbolos maçônicos 2014
Rizzardo da Camino – Dicionário Maçônico 2013
Xavier Musquera – As Chaves e a Simbologia na Maçonaria 2010
Pedro Henrique Lopes Casals – Casos da Maçonaria
A.’.R.’.E.’.L.’.S.’. União e Sabedoria – Prancha o quadro do aprendiz 2011
Autor: Thiago Oliveira